O meu maior choque de uma experiência artística de que tenho memória deu-se no Bienal de Veneza. O problema prioritário daquele momento em Itália era a falta de energia eléctrica. Tinha havido um corte geral de energia. Políticos, opinionistas e moralistas não se cansavam de pedir para evitar o consumo de energia e não deixar luzes acesas sem necessidade.
Neste clima geral de pânico colectivo pela falta e economia de energia entrei numa sala com as paredes todas cobertas de luzes acesas, frio quase como um frigorífico, quando fora estava um Sol quente e luminoso.
Quando vi que era de um artista português pensei que não estava ao corrente do que se passava em Itália ou a Portugal não tinha chegado a moda da ecologia.
Senti um comum amigo, Rui Cardoso Martins a defendê-lo e justificá-lo: "A mensagem daquela arte é mais importante da energia que gasta ... Um artista fez uma exposição artística com uma torneira a deitar água quando a falta de água era e é um problema ... Aquela provocação pode contribuir para economizar mais água, ..."
Os contribuintes pagam para a cultura mostrar o contrário do que se deve fazer para bem de todos? Quando o bom senso de convivência civil diz que devemos economizar energia os artistas podem fazer o contrário com o dinheiro dos contribuintes? Os contribuintes devem economizar energia e pagar com seus impostos para esta cultura aliciar ao contrário, ao consumo desnecessário?
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