2012-07-19

EPM=ética-publicidade-marketing, verdades, mentiras credíveis ou toleradas, tempo e dinheiro


Não recordo maior promessa da publicidade tradicional por carta: €800, viagem com pequeno almoço e jantar, uma bicicleta elétrica, sorteio de prémios, etc… Só na Internet conheço maiores promessas sem exigir nada em troca.
Participei com a intenção de me divertir com as suas técnicas publicitárias e escrever um capítulo de um livro ou ebook. A aventura durou 7 horas com muitas reflexões de biologia, psicologia e filosofia da publicidade, consumo e futuro da publicidade.
Pontual às 8 horas chegou o autocarro, depois de 2 horas de viagem no arredores de Berlim chegámos ao destino onde tomámos um pequeno almoço gratuito como prometido. Depois de uns problemas que não sei se foram enganos ou feitos de propósito para justificar a falta do pagamento dos €800 e da bicicleta elétrica, escutamos por cerca de duas horas a publicidade a um tacho melhor dos outros, facas que cortavam com metal-diamante e um sistema de ímanes nos quais se dormia melhor e curavam melhor da medicina tradicional. As facas tinham um preço de quase €700, eram vendidas por menos de €200 mas na pausa do almoço ouvi uma pessoa dizer que as tinha comprado iguais por €70 numa venda idêntica. Só um reclamou os €800 que tinham prometido no convite e todos riram dele por ter acreditado. Várias vezes riram da promessa da bicicleta na qual ninguém acreditou. Foi tudo gratuito como prometido, inclusive o almoço, um sorteio com alguns prémios de dezenas de euros e a viagem de regresso mesmo se ninguém comprou nada. Do prometido só faltaram os €800 e a bicicleta elétrica que mais ninguém se atreveu a reclamar.
Só o autocarro custou €600, pelo menos 4 pessoas ocuparam um dia além do tempo e dinheiro com a organização. Imagino que custou alguns milhares de euros para convencer 18 pessoas a comprarem produtos com grande probabilidade de serem mais caros ou utilidade duvidosa.
Teria sido um investimento para futuras vendas? Ou o fracasso de um sistema de publicidade que tenderá a desaparecer?
Recordo viagens deste género na Tunísia mas com menos custos e mais lucros: anunciavam nos hotéis visitas guiadas gratuitas da cidade e museus mas iam diretamente às demonstrações de vendas dos tapetes e não sei se quem aguentava um dia de vendas tinha direito a algum museu ou só à visita da cidade de um negócio para outro.
Uma senhora contou-me que já tinha participado a duas destas viagens com vendedores piores, agressivos a convencerem as pessoas que estavam doentes e precisavam de certos medicamentos.
A promessa dos €800 e da bicicleta elétrica parece-me absurda e estúpida. Imagino que é uma promessa atrativa sobretudo para quem precisa de dinheiro e não pode comprar. Se atraiu alguém a esta viagem deve ter contribuído a evitar outros com mais dinheiro, mais inteligentes e que sentiriam vergonha de acreditar em semelhante promessa.
Em cada país, região ou cultura existe um certo meio termo das mentiras toleradas, credíveis para estranhos ou deficientes. Com Internet e novas tecnologias desaparecem as fronteiras, regiões e culturas locais. Tudo é global. Cada um que sai de uma cultura local e entra numa global de Internet comete erros de confiança ou desconfiança exagerada. As mentiras, falsas promessas e arte de enganar não têm limite de tolerância. Daqui resulta um dano enorme para os melhores, mais honestos e que mais bem fazem com as novas tecnologias. Uma ética, moralidade e legislação global que punisse as mentiras com multas para premiar melhores seria um benefício global enorme em termos de tempo e dinheiro de muitos. Imagino multas a quem promete e não cumpre para financiar melhor justiça, política, informação, melhor investigação dos produtos saudáveis e melhor emprego para quem produz benefícios sociais.
Durante a viagem imaginei um filme com terroristas que se infiltravam e obrigavam ao pagamento dos €800 e das bicicletas. Imaginei um programa de TV com infiltrados que filmavam, chamavam a polícia, testemunhavam publicamente e causavam escândalo. Naturalmente isto só pode ser justo num filme, fantasias ou TV. Imagino que na realidade os responsáveis estão bem protegidos e longe dos locais do “crime”.
Imaginei um NEO-profeta da publicidade e marketing do futuro, de uma NEO-política, NEO-anarquia e NEO-justiça, J3M=JUSTIÇA EM 3 MINUTOS em particular para todos os ladrões do tempo.
Imagino uma NEO-ONU que não precise de pedir dinheiro para salvar 6 milhões de mortos de fome: com multas e serviço social para ladrões online podia financiar todas as suas campanhas humanitárias.

Sem comentários:

Enviar um comentário