2009-06-16

Arte, artistas, jornalistas, críticos de arte, recordações, emoções, psicologia e filosofia da cultura

A minha primeira recordação do primeiro contacto pessoal com o mundo da arte e dos artistas deve ter  sucedido entre 1965 e 1970. Recordo que estava na casa de um pintor no centro de Gouveia e enquanto mostrava as suas obras disse: "Se viesse aqui um jornalista de Lisboa e escrevesse que eu sou um grande pintor vendia tudo por muito dinheiro. Mas os jornalistas de Lisboa estão longe..."

Não sei se naquele tempo Gouveia já tinha alguma jornal mas sei que naquele tempo as poucas publicações nacionais tinham enorme influência na arte, cultura e política.

Eu era um adolescente e aquelas palavras podem ter marcado toda a minha desconfiança da arte e dos artistas. Não sei mesmo se aquela frase me levou a estudar jornalismo para ter esse poder de transformar as pinturas em ouro ... Ou a estudar psicologia para descobrir os mistérios do comportamento humano que considera arte e paga fortunas por uma obra e não por outra...

Não sei se aquele pintor tinha razão, não sei se era um grande artista desconhecido, mas sei que aquela frase me colocou problemas aos quais nunca consegui responder: porque chamam arte a certos monstros que me parecem porcarias? Porque limpam "porcarias" que me parecem arte?

Se Picasso pintasse as mesmas obras uns anos antes ou depois alguém o consideraria um grande pintor? Ou porcarias que andariam para o lixo e o seu nome tão desconhecido como aquele de Gouveia?

No início deste milénio tive notícia de 30 biliões de liras, (€15.000.000), em dois anos e depois mais €6.000.000 da câmara de Milão para limpar a cidade dos "grafites". Para mi muitos daqueles murais destruídos são mais arte de muitas obras de Picasso e outros famosos que enchem os museus com outros custos astronómicos dos meus impostos.

O mais famoso crítico de arte de Itália, Vittorio Sgarbi, causou grande polémica ao defender que muitos grafites e murais daqueles que alguns queriam "limpar" eram arte.

Alguns psicólogos defenderam a utilidade dos grafites em estimular a criatividade. Algumas agências de publicidade acreditaram nestes psicólogos e pagaram aos melhores autores de grafites para decorarem todas as salas de trabalho e corredores com grafites.

Se eu fosse um político de Milão e tivesse à disposição 20 milhões de euros pala limpar a cidade dos grafites gastava 1 milhão em prémios aos melhores autores dos melhores grafites, dava-lhes espaços cinzentos, muros sujos, autocarros e comboios para fazerem mais grafites. Lançava um concurso com mais um milhão de euros de prémios para artistas emergentes. Dava outro milhão de prémios a quem colaborasse para prender os autores de porcos grafites fora de locais autorizados. Estes seriam condenados a limpar toda a cidade das porcarias que eles ou outros como eles fizeram. Com os outros 17 milhões dava prémios a quem colaborasse para limpar a cidade da criminalidade e de políticos corruptos, incompetentes e sem criatividade.

Imagino que se mais jornalistas dessem mais voz aos psicólogos que consideram os valores positivos das grafites e da criatividade, aos críticos de arte que apreciam os melhores grafites, esta arte seria mais positiva e benéfica para a sociedade de muita que está nos museus. Imagino que muitos comboios coloridos de grafites dos melhores poderiam ser mais úteis de certas obras de arte nos museus.     

Quando o jornalista e escritor de Lisboa Rui Cardoso Martins me disse que viria a Milão para ver o "Cenáculo", recordei o pintor de Gouveia que esperava a visita de um jornalista de Lisboa para transformar as suas pinturas em ouro. Quando procurei bilhetes e me disseram que estavam esgotados para os próximos meses e era preciso comprar o bilhete com muita antecedência ou esperar alguma desistência a minha curiosidade aumentou. Seria qualquer coisa de especial ou mais uma pintura transformada em ouro dos jornalistas? Quando entrei e vi um enorme espaço no centro de Milão com apenas duas pinturas pensei na desperdício de um espaço precioso e na utilidade que poderia ter, ao menos com as paredes cheias de outros quadros famosos ou grafites. Um espaço enorme com custos enormes para dar importância a um quadro muito famoso. Justo ou injusto? Arte, cultura, civilidade ou vergonha de certa cultura de elites para elites, de arte dos famosos para conhecedores dos famosos, da civilidade dos ricos? Arte ou banalidades transformadas em preciosidades pelos jornalistas, escritores e cineastas?

Só em Itália vivem centenas de milhares de pessoas sem casa, luz e aquecimento, todos os anos morrem muitos ao frio nas ruas, e duas obras no espaço mais precioso da cidade encontram-se à temperatura ideal com custos que davam alojamento a dezenas de pessoas. Nós, ricos privilegiados, pagamos um bilhete de €6 e alimentamos parte da conservação ideal de uma obra que há um grande valor ou ao qual os jornalistas e críticos de arte deram grande valor?

Com os custos em deslocação, tempo e preço do bilhete para ver duas pinturas podia ver na Internet dezenas ou centenas de obras de arte. Ao ver o Cenáculo original ao vivo a vários metros de distância tive a impressão de ver pior de muitas reproduções retocadas. O valor real da vista do original é superior às cópias retocadas? Ou só um valor ajunto psicológico como o da publicidade no mercado ou dos jornalistas e críticos de arte nas obras expostas?

Rui Cardoso Martins publica segundo livro: "Deixem Passar O Homem Invisível", o cego a ver arte com os olhos de um "artista" muito particular

Editores, autores e livros do futuro no meu imaginário

Editor do futuro: agente artístico, literário e cultural promotor dos autores e consumidores

Mais em italiano:  arte, Italia-Portugal, (Portogallo), Antonio Tabucchi, Fernando Pessoa, Rui Cardoso Martins, libri, film, cultura e arte, (fff4f, g3m)

1 comentário:

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