Quando comecei a actuar nos regimes comunistas senti-me muito mais como fazendo parte de uma elite de previlegiados do que no capitalismo. A Budapeste ganhava em 3 dias o que a maioria ganhava num mês, a Bratislava disseram-me que tinha recebido por um espectáculo para a TV tanto como um engenheiro ganhava em 2 anos e meio e na ex-DDR, (Alemanha comunista), tinha um choufer particular só para mi e ganhava uma fortuna comparado com outras profissões. O meu salário era pago em 90% pelo Estado e só 10% pelo preço das entradas, mesmo se os espectáculos fossem sempre esgotados e existisse um mercado negro ou de influências para poder ver os espectáculos.
Se num sistema capitalista não tinha problemas de consciência por os meus espectáculos serem pagos por quem os via, num sistema comunista sentia uma certa vergonha de ser pago a 90% por quem não me via e vivia em piores condições.
A Sofia encontrei um jovem estudante universitário muito indignado pelo que o Estado tinha pago por um monumento numa praça.
A Dresden vi a reconstrução minuciosa do que tinha sido destruido com a guerra e ballets que só se comprendia o significado se se conhecia a História.
Muitas vezes perguntei a mi próprio se seria mais justo o capitalismo ou comunismo na promoção e sustento da cultura, arte e espectáculos. No capitalismo era quase sempre paga por quem a usufruiva. No comunismo os representantes do povo faziam pagar a todos os contribuintes o que eles consideravam arte, mesmo de quem não se interessava por aquelas forma de arte, espectáculos ou divertimantos ditos culturais.
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