Depois de dois dias muito deprimido, alguém que para mi vale
mais de todo o dinheiro do mundo, marcou-me uma consulta com o melhor
psicoterapeuta da cidade. Depois de uma noite passada metade a dormir e metade
a ler e escrever, um telefonema avisou-me da possibilidade de uma consulta
imediata. Parti sem tempo de fazer um café. Alguém que se interessa por ti é o
melhor remédio para a depressão. Eu já me sentia meio curado a caminho do
psicoterapeuta.
Escrevo parte do que me disse porque me parecem pérolas de
sabedoria para tristes, infelizes deprimidos, doentes mentais imaginários e
casos sérios:
“O melhor psiquiatra de Portugal, Coimbra de Matos, disse
que se fosse curado de certos jovens psiquiatras seria considerado doente
bipolar. Há psiquiatras que receitam medicamentos para um momento de tristeza
em consequência de uma má notícia. Se as pessoas não se sentissem tristes pelos
acontecimentos negativos e contente pelos positivos seriam casos de
preocupação. A depressão passageira aos acontecimentos negativos que não dura
mais de 2 ou 3 dias é normal. Se dura mais de 2 semanas um estado muito
depressivo ou eufórico sem grande motivo pode ser digno de medicamentação. Mas
eu não gosto de abusar de medicamentos que quase sempre têm contra-indicações”.
Recordei-lhe novamente o caso do grande
advogado-ladrão-mafioso e a minha teoria do esquecimento com base na teoria freudiana
do recalcamento que passando ao inconsciente continua a ter mais efeito do que
continuando a lutar. Por outras palavras, disse-lhe que se tentasse esquecer
como queria o psiquiatra que me tratou no Hospital de Santa Maria, eu
interiorizaria uma imagem cobarde de mi próprio, de um falido que é roubado do
que economizou numa vida e não luta por justiça. Lutar por mudar esta justiça
aumenta a minha auto-estima. Sinto-me menos falido. Se eu faço o que posso e
não obtenho justiça será o falimento da justiça. Se a minha luta por mudar esta
justiça não resulta será o falimento da sociedade, da politica e dos
responsáveis ou irresponsáveis pelas fantochadas, injustiças, imoralidade e
estupidez do sistema. Disse-me que só me faltava um burro e Sancho Pansa para
ser um Dom Quixote, que as leis têm mais buracos do que o queijo suíço, que fazia
bem em escrever como um diário mas devia ter cuidado para não ser condenado por
difamação se não tiver provas do que digo ou escrevo, …
Escreverei mais em forma de fantasia esperando que algum
realizador de cinema faça o filme da minha vida. Imagino uma personalidade de fantasia com
parte de SERIPires, Chaplin, Machiavelli, Dali, Gogh, Dom Bosco, Dom Quixote,
Santo Antonio, …
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